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"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

Cecília Meireles

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

VIDA MODERNA (crônica)

Das Dores chega em casa e encontra o marido novamente estirado no sofá.
Pensa: “A preguiça é uma desgraça!”
- Você continua dormindo, homem? _ela pergunta indignada.
-Não, você acabou de me acordar. _ele responde irritado. _Estava até sonhando, mas você como sempre chegou para me atrapalhar.
A pobre acordava todos os dias com o cantar dos galos. Trabalhava em dois
empregos para conseguir sustentar a casa.
E ao retornava para casa, era sempre a mesma coisa. Tudo de pernas para o ar. Até a cama ainda estava por fazer. As louças se acumulavam em cima da pia e ela tinha que dar conta da arrumação, da limpeza e do jantar, enquanto, Marcão, ficava sentado no sofá vendo televisão e reclamando de fome.
-Minha mãe estava me perguntando se você já tinha arrumado emprego!
-O que ela tem a ver com e minha vida? Velha enxerida. Cruzes! Eu não devo nada a ninguém e sempre tem gente querendo cuidar da minha vida. Que saco!
-Ela se preocupa comigo, acha que eu trabalho demais enquanto você fica sem fazer nada o dia inteiro.
-Eu também já disse que você trabalha demais e nunca tem tempo para ficar comigo vendo TV, comendo e dormindo. Isso mina qualquer relação viu?
-Se eu ficar em casa quem vai trazer dinheiro para pagar as contas?
-É só não fazer contas, veja o meu caso; não trabalho e também não tenho contas.
-Como não tem contas homem? Para de falar bobagem!
-O trabalho acaba com o homem, isso é certo! O trabalho mata. Veja o caso do meu avô e do meu pai.
-O que tinha o seu avô? Ele viveu ate os 86 anos.
-Teria vivido mais se não trabalhasse.
-E seu pai ainda esta vivo ou morreu...? Não acredito que morreu, e você teve preguiça de me avisar?
-Virá essa boca pra lá! Ele ainda está vivo, mas tá morre não morre, com um pé na cova e o outro também, não reconhece mais ninguém, culpa do trabalho que destruiu o cérebro dele. Eu é que não caio nessa, quero chegar aos meus cento e trá-lá-lá, assim novinho saudável, sem nenhuma ruga.
-Enquanto isso eu é que vou te alimentar e te vestir não é?
-É uma escolha sua querida, você gosta de trabalhar. Eu gosto de ficar aqui descansando e esperando você chegar.
-Esse papo não leva a nada. Veja se levanta daí e vem me ajudar!
_Não posso! Minhas costas estão doendo...
_Então me deixa terminar o serviço. Boa noite!
_Boa noite benzinho! Amanhã, antes de sair para trabalhar não se esqueça de deixar uns trocadinhos para o meu cigarro. Regina Gois

2 comentários:

  1. O respeito pelo outro é, acima de tudo, uma questão de educação. Infelizmente o cenário aqui retratado continua a acontecer.
    Abraço

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